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EM BUSCA DE PAISAGENS

A noção de paisagem está presente na memória da espécie humana muito antes da elaboração do próprio conceito. No entanto, é por meio do racionalismo cartesiano da idade moderna - ao separar o ser humano da natureza situando-o no centro do universo - que nos percebemos espacialmente circunscritos. Nessa perspectiva, o homem moderno constrói sua humanidade inserindo-se na paisagem, mas diferenciando-se dela.

Como aspecto visual e estético, a paisagem surge no século XV, capturada e representada - objetiva e subjetivamente - por pintores holandeses e italianos.  O termo paisagem é atestado  pela primeira vez em  francês somente em 1493, quando Jean Molinet a utiliza para designar  um quadro com a representação de um cenário natural. Somente no fim do século XIX é que a concepção de paisagem como método de abordagem do espaço geográfico vai ter início.

 

Atualmente, as diversas disciplinas científicas e mesmo o senso comum já têm uma explicação própria do que seja paisagem. Entre os geógrafos há um consenso de que, ainda que tenha sido estudada sob ênfases diferenciadas, resulta da relação dinâmica entre elementos físicos, biológicos e antrópicos. No entanto, embora a participação humana na paisagem seja admitida praticamente como consenso, nem sempre as sociedades humanas são consideradas no mesmo nível que outras variáveis.

Os geógrafos ingleses desenvolveram uma concepção pragmática de paisagem como um mosaico, cuja formação se dá pela repetição similar de ecossistemas locais ou usos da terra. Ou seja, um conjunto integrado e repetido de elementos espaciais. Esta é uma característica  que dá à paisagem, como objeto geográfico, a possibilidade de ser cartografada.

Em nossas pesquisas, nas caminhadas e derivas que fazemos, tanto no espaço urbano quanto nos parques, praias e matas, percebemos que o caráter simbólico dos lugares revela-se às pessoas como algo que precede a linguagem e a razão discursiva, e que se apresenta a partir  dos afetos produzidos no encontro com cada paisagem singular. São esses afetos que atribuem significados e fazem a mediação entre mundo interior e mundo exterior e que têm a potência de produzir o sentimento de pertencimento nas pessoas em relação aos lugares.

Em Busca de Paisagens é um projeto que pretende produzir afetamentos entre as pessoas e os lugares que identificamos como estratégicos na constituição da paisagem da Ilha de Santa Catarina. Na prática, são caminhadas realizadas em grupo por lugares previamente escolhidos, com o propósito de vivenciar e criar registros que, a partir de um recorte afetivo, tensione os participantes e sua rede social à necessidade de nos tornarmos mais permeáveis à responsabilidade pelo cuidado e preservação dessas paisagens.

Nossa primeira ida à campo acontece nesse sábado, dia 14 de julho. Em parceria com a Saccaro Floripa e A Casaa, o grupo de convidados se dirigirá ao sul da ilha, onde iniciaremos a caminhada a partir da praia da solidão em direção à praia do saquinho. Os participantes serão estimulado a fazer registros fotográficos da paisagens que encontrarem pelo caminho, publicando-as – assim como suas impressões e reflexões - em suas redes sociais com a #embuscadepaisagens. Essas publicações serão identificadas pelos propositores (Marcelo Fialho, Marco D.Julio e Luciana de Moraes) e republicadas no Insta @embuscadepaisagens a fim de construir a memória do projeto.

o tropicalista + lu de moraes

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